quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Doce Vingança de Lulu


Essa semana muita gente começou a falar sobre um novo aplicativo, o Lulu. Exclusividade das mulheres que agora podem classificar, tanto positivamente quanto negativamente, os seus amigos do facebook. A idéia de se criar tal App é, em tese, genial, só que não. Digo isso porque, convenhamos, mulheres falam mesmo (os homens também mas um pouco menos), dividem com suas melhores amigas as suas boas ou más experiências, entram em detalhes, etc. E tornar isso público pode tanto ajudar o carinha avaliado no seu próximo relacionamento ou simplesmente pregar um terrível rótulo no formato #hashtag que, por um bom tempo, seu único encontro será com a sua querida mão direita (ou esquerda para os canhotos rsrs). Não que alguns homens não mereçam isso.

Mas, pensem se fosse o contrário. Imaginem um App dedicado a classificar as suas amigas do facebook. Com certeza choveria reclamação, protesto por conta da atitude do homens, considerariam um ato condenável que denigre moralmente as suas ex namoradas, rolos e afins. Certo que a Apple provavelmente barraria um aplicativo desses na App Store.

Por outro lado, tal App não deixa de ser uma vingança das mulheres, uma ferramenta para livra-las dos babacas e otários (será?). Me lembro bem que no terceiro ano do ensino médio, rolou uma lista na minha sala de aula, na qual somente os garotos classificavam as meninas. Dentre as categorias podíamos encontrar "a mais bonita", "a mais gostosa", "a mais inteligente", "as pernas mais bonitas", "a bunda mais bonita" e por aí vai. Porém, a brincadeira, também tinha o seu lado mais dark, categorias como "a mais magrela", "a mais feia", "a mais gorda" e "o pior cabelo" também estavam na lista. Em tempos de bullying, creio que hoje em dia metade da turma seria suspensa e o idealizador da lista expulso da escola. Mas as garotas da sala, ao tomarem conhecimento da lista secreta dos meninos, não deixaram por menos e contra atacaram. Logo após o intervalo, pregada no quadro da sala, encontrava-se uma lista com os "mais" da sala. Desde o "mais bonito", passando pelo "mais bombado" e chegando ao "mais feio" e por fim, "o mais fedorento". Enfim, apesar de ambas as partes terem pegado pesado, a brincadeira terminou empatada, e a vida continuou para todos os alunos da turma.

Mas uma coisa me marcou nisso tudo, a expressão estampada no rosto das meninas ao se vingarem na mesma moeda, com aquela lista preparada durante o intervalo elas queriam mostrar poder. E hoje, vejo da mesma maneira o App Lulu, nada mais do que uma doce vingança das mulheres, uma ferramenta que dá o poder de avaliar os rapazes com quem já tiveram um encontro ou até mesmo tiveram um relacionamento mais longo.

Mas até onde acreditar nos rótulos pregados nesse App? Será que uma mulher compartilharia o cara perfeito para ela nessa rede social? Será que uma ex namorada maluca não veria a oportunidade perfeita de queimar o ex? Difícil acreditar que uma mulher irá dar de bandeja um chamado bom partido para a concorrência. E será que é realmente necessário ter uma ferramenta dessas pronta para queimar um cara por causa de um coração partido? No outro lado, ficará a curiosidade dos homens em saber se estão sendo bem ou mal avaliados, como produtos a serem comercializados no mercadinho da Lulu.



Indo um pouco mais além:

Seria o fim de todo o processo de conhecer um ao outro? Em breve estariam homens e mulheres tão expostos e escancarados nas redes sociais a ponto de não poderem apresentar nada de "novo" num primeiro ou segundo encontro, sendo totalmente previsíveis, sem graça?

No primeiro encontro a mulher já vai saber que o rapaz irá abrir a porta do carro, que pagará o jantar ou então que pedirá para dividir a conta, que no dia seguinte irá ligar, que na cama manda bem, ou que não dura mais que meia hora. Fora a propaganda enganosa das amigas que nunca experimentaram mas fazem o filme dos amigos.

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